Pelo menos 50 milhões de pessoas são vítimas de condições de trabalho análogas à escravidão no mundo. É o que aponta um levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nesta segunda-feira (12/9). O problema afeta todos os continentes e explodiu nos últimos cinco anos, principalmente com a pandemia de covid-19 entre 2020 e 2021, afirma a entidade.
A partir de 2016, mais 10 milhões de pessoas passaram a ser vítimas do trabalho escravo. A avaliação da OIT é de que a crise sanitária aprofundou a exploração. Até o ano passado, 28 milhões de pessoas estavam em situação de trabalho forçado. A entidade estima que 3,3 milhões de crianças também sejam exploradas, inclusive sexualmente. Elas são uma em cada oito pessoas vítimas de trabalho forçado.
O levantamento da OIT indica que a “escravidão moderna” ocorre em quase todos os países do mundo, inclusive nos de renda média-alta. E tem entre as mais vulneráveis mulheres e crianças. O setor privado é apontado como o grande responsável pelos crimes, mas 14% dos casos também são relacionados a setores do estado. Além disso, a construção civil e a agricultura são responsáveis por grande parte dos casos de trabalho análogo à escravidão.
Em todos os continentes, a entidade também identificou que os imigrantes estão entre as populações mais afetadas pela realidade do trabalho forçado. Eles têm três vezes mais chance de serem vítimas do que outros segmentos.
No Brasil, a situação não é diferente. Desde 1995, quando começou a fiscalização específica contra o trabalho escravo, mais de 55 mil pessoas já foram resgatadas nesta situação. O problema pode ter piorado nos últimos anos, devido ao corte de recursos do governo Bolsonaro para a fiscalização do trabalho análogo à escravidão.