Nada de proposta econômica da Fenaban

Apesar da expectativa, ainda não foi desta vez que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou uma proposta global para as reivindicações dos bancários. Na rodada de negociação com os representantes da categoria, nesta terça-feira (13/8), foram apresentadas respostas apenas para algumas cláusulas sociais, mas nada sobre as cláusulas econômicas.

Na mesa, os bancos disseram que vão avançar em algumas pautas sociais, colocando na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) cláusulas sobre saúde mental e bem-estar dos bancários, combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho. Esta é a primeira vez que a Fenaban admite colocar essas questões na CCT.

Os bancos se comprometeram também com a inclusão e o respeito da identidade de gênero – transgênero, além de criar espaços de formação e oportunidades para a contratação de mulheres e pessoas LGBTQIA+ na área de TI.

Apesar dos avanços, ficaram sem respostas outras questões importantes como a jornada de 4 dias semanais, teletrabalho, as questões envolvendo PCD,s e neurodivergentes, emprego e terceirização, direito de desconexão, endividamento do bancário e requalificação para as bancárias, que são as principais vítimas das demissões.

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“Nós tínhamos expectativa de que hoje a Fenaban fosse apresentar uma proposta completa hoje. Até porque, nós estamos negociando desde o final de junho. Entretanto, a Febaban não se compromete a apresentar uma proposta, um índice econômico, nem na próxima rodada de negociação, isso é muito ruim. Isso faz com que a categoria intensifique a mobilização. O sentimento é de que a Fenaban quer nos levar para as cordas, para uma situação, onde tudo será decidido na última semana de agosto, isso é muito ruim”, ressaltou o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto.

Participaram também da reunião, o presidente em exercício do Sindicato da Bahia, Elder Perez, e o presidente do Sindicato de Sergipe, Adilson Azevedo.

As próximas rodadas de negociação acontecem nos dias 20 e 21 de agosto, em São Paulo.

Confira as respostas apresentadas pela Fenaban na mesa de hoje:

1 – Criação de cláusula de combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho.

Já existe mecanismo de combate a esses tipos de violência, conquistado pela categoria na CCT. A novidade trazida pela Fenaban é a inclusão do termo “assédio moral”.

É a primeira vez que os bancos concordam em incluir o termo assédio moral na CCT. Com isso, há um reconhecimento dessa forma de violência no trabalho e que precisa ser combatida.

Os trabalhadores destacaram que a cláusula sobre assédio deve estar atrelada à garantia de anonimato para as vítimas e denunciantes. E, ainda, que os bancos devem garantir prazos acelerados de apuração para pessoas que estiverem sob risco iminente. Os bancos concordaram também com o acompanhamento na negociação setorial sobre o tema.

2. Saúde mental dos bancários

A Fenaban não trouxe retorno efetivo sobre o tema, mas sinalizou propostas que foram criticadas pelos representantes dos trabalhadores. Por conta disso, ficou de remodelar o texto, que será entregue na próxima negociação.

Sobre saúde, os trabalhadores cobraram respostas na gestão por metas abusivas e sua relação com o aumento do adoecimento na categoria, que, atualmente, responde por 25% dos afastamentos acidentários por saúde mental no país.

A resposta da Fenaban foi que não vão tratar o tema metas na mesa, pois esta é uma questão de gestão. O que foi rebatido pelo Comando.

3. Contratação de mulheres na TI

Também atendendo ao pedido do comando, os bancos apresentaram propostas de formação de mulheres para a área de Tecnologia da Informação (TI), a partir da contratação de duas entidades especializadas em trazer mulheres para este mercado.

Os trabalhadores e os bancos combinaram de marcar uma nova reunião para que essas empresas se apresentem e falem sobre o trabalho que realizam.

Inicialmente, a proposta foi apresentada pela Fenaban para atender a comunidade e bancárias desligadas. Mas o Comando Nacional cobrou que as bancárias em atuação sejam atendidas também.

Sobre a proposta de requalificação às bancárias, os bancos ficaram de trazer uma proposta mais aprimorada.

4. LGBTQIA+, com atenção especial às pessoas transgênero

– Criação de cláusulas de repúdio à discriminação, com canais de apoio.

– Respeito ao nome social, em todos os sistemas do banco, antes da obtenção do registro civil de retificação de nome para pessoas transsexuais.

– Garantia do uso do banheiro conforme o gênero que a pessoa se reconhece.

Esse ponto inclui trabalho de letramento em toda a categoria para o combate à discriminação.

5. Mudanças climáticas

Cláusula de garantia de criação de Comitê de Gestão de Crise, sempre que pedido pelo Comando Nacional dos Bancários, em casos de calamidade.

O comitê terá autorização prévia para tomada de decisões necessárias aos bancários atingidos por calamidades, como as que foram necessárias nos casos recentes do Rio Grande do Sul e Petrópolis. Entre essas ações estão a liberação de teletrabalho e de banco de horas.

Essa cláusula é um avanço importante. Mas o Comando cobrou que os bancos não fechem permanentemente as agências nas localidades afetadas, como tem ocorrido. Mas esse pedido foi negado, demonstrando total insensibilidade, por parte dos bancos, aos trabalhadores e às comunidades atingidas.

6. Combate à violência contra a mulher

Outra reivindicação atendida é o reforço ao programa de apoio às bancárias vítimas de violência doméstica, previsto em cláusulas na CCT.

7. Igualdade salarial entre gêneros

Para atender às obrigações da lei federal de igualdade salarial entre homens e mulheres, reivindicadas também pela categoria bancária, a Fenaban disse que irá melhorar a divulgação do relatório de transparência salarial do setor. Os representantes dos bancos também afirmaram que estão trabalhando um plano de ação para alcançar a igualdade.

8. Censo da Diversidade da categoria

Inicialmente, a Fenaban disse que não há necessidade da realização do censo, e que existem bancos que já levantam e compartilham dados sobre diversidade no setor.

Os bancários rebateram e cobraram a realização do censo, sendo que o último foi divulgado em 2019, além de ser um compromisso firmado na CCT. “Esse censo da diversidade do setor é muito importante para termos construção de políticas assertivas”, completou Neiva Ribeiro.

Após essas ponderações, a Fenaban disse que irá reavaliar a realização do levantamento.

O que faltou

O Comando Nacional cobrou outros pontos que os bancos não trouxeram retorno, como as reivindicações de pais de PCDs, o combate ao endividamento dos bancários, respeito ao direito à desconexão, combate à terceirização, garantia dos empregos, jornada de quatro dias, ampliação do teletrabalho, além do aumento real da remuneração.

Os trabalhadores exigiram que, na próxima reunião, em 20 de agosto, a Fenaban traga respostas.

A entidade sinalizou que irá trazer as propostas apresentadas na reunião desta terça, mas não garantiu que trará respostas sobre as demais reinvindicações, e isso inclui as econômicas (aumento salarial real e melhorias nas demais verbas).

Diante da incerteza, o Comando Nacional está chamando mobilização para esta quinta-feira (15), para cobrar proposta completa.

Um dia antes da próxima negociação, em 19 de agosto, a categoria também realizará um dia nacional de luta por proposta digna.

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