O Itaú usou o programa de desligamento voluntária (PDV), aberto em 2022, para descartar bancários idosos e adoecidos. A conclusão está em um relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base em operações de auditores ficais que duraram um ano e meio.
De acordo com os auditores fiscais, os requisitos do programa de desligamento voluntário criado pelo Itaú no início de 2022 teriam sido desenhados para estimular a saída de funcionários de idade avançada e, principalmente, de empregados com problemas de saúde — em alguns casos, relacionados a doenças ocupacionais.
Dos 1.501 funcionários que aderiram ao PDV no ano passado, 85% estavam afastados há pelo menos 30 dias por motivo de doença ou acidente, ou se encontravam em estabilidade provisória após tratamento médico. Somados aos idosos, eles totalizavam 93,9% do público inscrito no programa.
O relatório sustenta que trabalhadores com esses perfis, e que não se inscreveram no PDV, foram “assediados” com e-mails e mensagens de SMS para entrar no programa.
O movimento sindical já havia denunciado o descarte de funcionários adoecidos pelo Itaú. Esta tem sido uma política constante do banco, que muitas vezes demite o bancário no meio de um tratamento médico, mesmo sabendo que é ilegal. Esta é uma postura vergonhosa do banco que mais lucra no país.
A operação do MTE partiu do cruzamento de dados de bases oficiais do governo, como o eSocial, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), com informações de 132 mil empregados diretos do banco. Além disso, foram vistoriadas 53 agências em quatro estados – Bahia, Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco – e entrevistados 300 trabalhadores.